segunda-feira, janeiro 22, 2007

Palavra Pastoral - 21/01/2007

O ZAQUEL DO SÉCULO XXI
Lucas 19.1-10


Introdução

Antes de mergulharmos nas páginas sagradas da Bíblia, quero compartilhar com todos os presentes uma parábola. Trata-se de certo escritor famoso que foi passar as férias de verão em uma belíssima praia no norte do país. Um certo dia pela manhã quando foi até a varanda da casa onde estava alojado, viu um moço apanhar alguma coisa na areia e arremessar no mar. Era uma estrela-do-mar. Essa cena repetiu-se por vários dias. Curioso, aproximou-se e perguntou: “O que você está fazendo?” A resposta foi: “Estou devolvendo as estrelas-do-mar ao seu habitat.” Indagou o escritor: “Por quê?” Respondeu o moço: “Pretendo salvá-las.” Dito isso apanhou outra estrela e lançou-a no mar. Incrédulo, o escritor falou ironicamente: “Acho isso ridículo! Creio que seu esforço é inútil. Ainda que salve algumas, não poderá salvar todas, pois amanhã pela manhã o mar lançará outras dezenas na praia.” Então fez a sua última pergunta: “Me dê um único motivo para que possa crer que o seu trabalho não é em vão?” O moço abaixou-se, pegou uma estrela-do-mar, arremessou-a com bastante força para as águas profundas do mar, então, olhando fixamente para o escritor, disse: “ESSA FARÁ A DIFERENÇA”.

A mensagem desta noite revelará essa verdade. Veremos que Jesus acreditou na vida de um homem, quando ninguém mais acreditava. Aprenderemos que somos estrelas-do-mar nas Mãos do Criador, que fomos apanhados e lançados ao alto mar para fazer diferença.


UM HOMEM CHAMADO ZAQUEU (v.1)

A identidade de uma pessoa é muito importante. Não é a toa que Jacó teve receio de anunciar a Deus o seu nome. O seu nome era a sua identidade. E sua identidade naquele momento era de suplantador. Jacó tinha vergonha do seu nome porque ele revelava o que era realmente por dentro.

Precisamos responder as perguntas quem sou eu? De onde eu sou? Por que eu estou aqui? Qual é a minha capacidade? Para onde eu estou indo? se quisermos gozar uma vida sadia e cheia de alegria. Essas perguntas controlam tudo o que cada ser humano faz e representam a motivação de todo comportamento humano.

Toda pessoa tem uma história. Aprendemos ao folhearmos as páginas das Sagradas Escrituras sobre personagens incríveis, tais como: Maria Madalena que foi liberta de sete demônios; Lázaro que ressurgiu dentre os mortos.

É extraordinário o que Deus pode fazer na vida de uma pessoa totalmente rendida a Ele.

Nossa história hoje é sobre um homem chamado Zaqueu. Quem era? Como era? O que fazia? Onde morava? Precisamos responder estas perguntas, pois elas nos levará onde precisamos chegar e fazer diferença na nossa geração.

Encontramos pouca coisa sobre Zaqueu na Bíblia, porém, o pouco que existe é o suficiente. Veja bem, ele era judeu, morava em Jericó, era chefe (diretor) dos publicanos (fiscais do governo romano que cobrava os impostos dos judeus), era rico, de estatura baixa, e, era muito odiado e desprezado pelo seu povo, pois que trabalhava para o governo romano.

Zaqueu era odiado e desprezado aparentemente pelo que FAZIA e pelo que POSSUIA. Ironia ou não, sofria os mesmos preconceitos que Maria Madalena. Era perseguido socialmente, espiritualmente, economicamente, psicologicamente pelo que FAZIA e POSSUIA.

Veja que os dois eram tidos como pecadores (v.7).

Vou fazer aqui uma breve pausa para perguntar: “Você já foi alvo de algum tipo de preconceito pelo que fazia ou possuía?”

É verdade que muitas coisas que são feitas é pecado, e não podemos ser coniventes com estas coisas, mas o que não podemos fazer é jogar a água da banheira fora com o bebê junto. Devemos odiar o pecado, porém amar o pecador. Devemos condenar o pecado e incluir o pecador em nossa vida, em nossas orações, em nossas reuniões. Jesus nunca deixou de atender um convite para almoçar fosse numa casa de um fariseu ou de um pecador. Se podemos classificar assim, ele aproveitou todas as oportunidades para incluir as pessoas no seu rol de relacionamentos.


NA MIRA DOS PRECONCEITOS (v.7).

Você já foi alvo de preconceito ou já perseguiu alguém?

O QUE É PRECONCEITO? Segundo o dicionário Aurélio, é: 1. Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia preconcebida. 2. Julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o farto que os conteste; prejuízo. 3. P.ext. Superstição, crendice; prejuízo. 4. P.ext. Suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc.

Como pode ver, é aquilo que “achamos” ser ou “deduzimos” ser. Ou simplesmente que vai contra o que cremos. Pode ter acontecido ou não. Chegamos a uma conclusão e pronto! Então, elaboramos o veredicto e batemos o martelo da sentença.

Jesus não era preconceituoso. Ele buscava incluir ao invés de excluir. Veja o verso 5. Enquanto que Zaqueu representava um “inimigo”, uma pessoa “indesejável” ou “perigo” para o povo judeu, para Jesus, entretanto, era somente um homem que precisava de ajuda.

O Zaqueu do século XXI é exatamente como o do século I. Cheio de amarguras. Solitário! Cheio de seqüelas do preconceito, da discriminação social, racial, profissional, pessoal, etc.

Há muitas pessoas vivendo na “margem da sociedade”. Vivem escravizadas pelo ódio, revolta, angustia. Por sentimento de baixa estima, de baixo valor, de culpa, etc.

As pessoas são só escravas por desconhecerem “a verdade que liberta”. Zaqueu desconhecia essa verdade, mas estava a procura dela, e encontrou. Ela o libertou! Na verdade, ela (a liberdade) se colocou entre ele e os preconceitos. Jesus se pôs entre Zaqueu e o ódio e desprezo dos algozes dele. Ele levantou uma cruz bem no meio deles. Ele levou sobre si as afrontas dirigidas a Zaqueu. Ele o protegeu. Ele o defendeu. Ele se fez alvo no seu lugar. Ele morreu por Zaqueu.


SUPERANDO OS OBSTÁCULOS (v. 3).

Há dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que diante de um problema, ficam paralisadas; e, aquelas que superam avançando resolutamente contra as adversidades derrubando-as.

Gostando ou não, todos algum dia terá que enfrentar o seu “Golias”. Que todos teremos que enfrentar cessa qualquer discussão, agora, como reagiremos é a questão. Esses dias tem chovido bastante. Muitas pessoas tem perdido suas casas com toda a mobília. Coisas que construíram a vida toda. De repente perderam tudo! Alguns que foram entrevistados logo após a tragédia responderam positivamente, dizendo que coisas podem ser novamente conquistadas. Até agradecem a Deus! Outros na hora expressam sua revolta, sua inconformação, mas depois que o calor da ira é controlado e o choque assimilado, renovam suas esperanças. Porém, algumas destas pessoas atingidas pela calamidade, nunca se recuperaram do trauma. Essa é a verdade nua e crua.

Zaqueu fazia parte do segundo grupo. Era o tipo de pessoa que NÃO ignorava os obstáculos, mas também NÃO ignorava as oportunidades. Ele conhecia bem a síndrome da multidão. Sabia que precisava sair do meio dela se queria alguma oportunidade com Jesus. Sabia que o palco da multidão era feito de inveja, ódio, ciúme, desprezo, disputa, etc. Conhecia a multidão porque fazia parte dela também. PRECISAVA MUDAR O FOCO DE SUA VIDA. Então pensou: “Só há um meio de distinguir-se da multidão – subindo naquela árvore”.

Se queremos atrair a atenção de Deus para nós, precisamos radicalizar a nossa postura. Precisamos exceder. Ir ao extremo. Ir além. Talvez fazer uma loucura. Algo aparentemente ridículo como subir em um sicômoro (É uma árvore vigorosa com 10 a 13 metros de altura, com tronco curto, galhos que se espalham muito, e folhas perenes).

Um dilema que temos que enfrentar é: o ridículo pode ser a única solução? Esse é um paradigma que deve ser confrontado e vencido, senão, nossa única esperança pode ir água abaixo com orgulho e tudo mais.

Veja bem, embora Zaqueu fosse um homem próspero financeiramente e de uma invejável posição social, NÃO ERA, no entanto, um homem realizado e feliz. Era um homem solitário, sem amigos. Ainda que fosse considerado filho de Abraão. Aprendemos aqui uma verdade: dinheiro, status social, poder político, não garante felicidade e realização pessoal.

Uma coisa que admiro muito em Zaqueu é a sua DISPOSIÇÃO e ABERTURA para conhecer Jesus (v. 6,3). Admiro seu ENTUSIASMO que atraiu a atenção de Jesus (v. 4-6). Ele não permitiu que as circunstâncias interferissem e roubassem a sua única oportunidade.

A Bíblia é bem clara sobre isso quando diz: “Se te mostrares FROUXO no dia da angústia, a tua força será PEQUENA” (Provérbios 24.10).

Diga-me: Como você reage diante das intempéries da vida? Como você reage revelará a pessoa real que você é. Também revelará o seu futuro – se de bênção ou maldição.

O Zaqueu deste século precisa quebrar os seus sofismas e subir no sicômoro.


BUSCANDO A SOLUÇÃO (v. 4).

O que você faria se estivesse no lugar de Zaqueu?

Diante de um problema intransponível Zaqueu fez uma coisa aparentemente absurda – subir em uma árvore. Mas ainda que o que fez fosse aparentemente constrangedor para a sua posição social, e fosse algo que chamaria atenção dos seus adversários, tornando-o alvo de chacotas, ele fez algo COERENTE para Deus. Correu, subiu, segurou firme a oportunidade.

Devemos também fazer o mesmo. Sermos coerentes com a Palavra de Deus, e não com o que pensam as pessoas ao nosso redor. Acho que faria o mesmo se tivesse com muita sede de Deus. Entretanto, muitos tem perdido a oportunidade de serem abençoados porque tem vergonha de se expor a Deus. Falta disposição, coragem, entusiasmo pelas coisas de Deus.

Porém, Deus só está esperando uma atitude inesperada de você.


CONHENDO OS FRUTOS DA CONVERSÃO (v. 8).

Jesus disse certa vez que conhecemos a árvore pelos seus frutos, e é verdade. Como pastor gosto de colher frutos na vida das ovelhas (oração, estudo da Palavra, jejum, evangelismo, dízimo, visitas, etc.). Isso é natural, pois todo pai espera crescimento e conquistas dos filhos. Mas, também me aborreço quando não encontro frutos.

Certa vez Jesus foi apanhar frutos para comer em uma figueira, e não encontrando, amaldiçoou-a (Mateus 21.19). Como a figueira, fomos criados por Deus para dar frutos, e não somente folhas. Precisamos assumir o nosso principal papel neste mundo: gerar vidas.

Há uma parábola na Bíblia que conta que um homem tinha plantado em sua vinha uma figueira. Certo dia foi procurar nela fruto, e não achando ordenou que a cortasse, pois estava ocupando a terra inutilmente. O empregado pediu a ele que o deixasse cuidar da figueira por mais um ano. Ele iria preparar a terra, escavá-la, adubá-la, e, se desse fruto, ela continuaria ali, caso contrário, cumpriria a palavra do dono. (Marcos 13.6-9).

Na passagem que estamos estudando, percebemos a alegria do Senhor Jesus quando viu os frutos na vida de Zaqueu (v. 9). A verdadeira conversão produz frutos, pois é sinônimo de arrependimento genuíno que produz resultados para a vida eterna.

Quando alguém é transformado, tudo é transformado ao seu redor. Pessoas são alcançadas e abençoadas (v. 8).

Conclusão

Vou concluir esta pregação com três lições importantes (v. 9-10).

Uma palavra de salvação: “Hoje, veio a salvação a esta casa”. Você e tudo que te pertence, será salvo.

Uma palavra de restituição: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que havia perdido”. Você e tudo que tinha perdido ou sido roubado, será restituído.

Uma palavra de inclusão: “Pois também este é filho de Abraão”. Você e tudo o que você pertence, será reconduzido à família de Jesus.


Piracicaba, 21 de janeiro de 2007.
Marcílio Guerra.

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