segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Palavra Pastoral 26-02-2007

CISTERNAS RACHADAS
Jeremias 2.13


Introdução

Houve uma época em minha vida que estudar era um verdadeiro ato de heroísmo. Foram tempos difíceis! Havia muitas necessidades e pouco dinheiro ou quase nenhum. No meu caso, em particular, precisei fazer alguns “bicos” para pagar os meus estudos. Um desses bicos era cavar poços de águas (as cisternas). Ora era apenas limpar um poço que estava sujo; ora era recuperar outro que esgotou suas águas; ora era furar um novo poço. No final, nossa missão (minha e do outro companheiro), era cavar um poço que jorrasse muitas águas límpidas.

É disso que o profeta Jeremias está tratando: que tipo de cisterna você está cavando? Ela é um manancial de águas vivas? Ou, cisternas rotas, que não retém águas?


Uma Escolha entre Duas Alternativas

Se você prestar atenção no texto em estudo verá que só existe uma cisterna que jorra águas vivas (que se refere ao SENHOR), contra várias outras que são rotas (que se refere ao mundo, ao pecado e ao diabo). Se você escolher a primeira opção, terá que abrir mão dos prazeres deste mundo e do pecado. Caso opte pela segunda, terá que abrir mão do Reino de Deus e do próprio Deus. A Bíblia diz:

“Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro
ou se dedicará a um e desprezará o outro.
Não podeis servir a Deus e a Mamom (ou as riquezas).
(Mateus 6.24; acréscimos do autor).

Deus só deixa uma escolha porque ninguém, nem você e eu, pode servir a dois senhores. A dedicação a um desprezará o outro.

Nesta altura chamo a sua atenção para as palavras servir, dedicar e desprezar. Elas revelam que nível de comprometimento temos com Deus ou com o sistema de Satanás. É isso mesmo, Satanás, pois Mamom, um termo grego, significa o deus-dinheiro, usado aqui para indicar todo o sistema do materialismo.

A questão é: eu e você só temos uma escolha. Cavar cisternas rotas ou permanecer no manancial de águas vivas.


Cavando Cisterna Rotas

O tempo vivido pelo profeta Jeremias, já usavam de um sistema de caiadura à prova de água (cisternas herméticas pelo emprego de argamassa) que era usada para impedir que as cisternas perdessem água. Deus estava alertando ao seu povo Israel que, os ídolos, assim como as cisternas rachadas, sempre trairão seus adoradores; em contrapartida, Ele fornece água abundante e inesgotável.

Esse alerta se faz muito forte em nossos dias também. Centenas, milhares e até milhões de cristãos ao redor do mundo, buscam, desesperadamente, encontrar a realização de seus sonhos cavando cisternas rachadas. Como diz a Bíblia: “... abandonaram, a mim, a fonte de água viva; ...” Esse abandonar não implica somente em desviar-se dos caminhos do SENHOR, mas, principalmente, de “DEIXAR DE FAZER” ou obedecer as palavras do SENHOR. (Ouvir, mas não praticar; cf. Lucas 6.46-49).

Certamente, milhões de cristãos são convidados diariamente para participar da festa do SENHOR (cultos), mas, à semelhança dos convidados da parábola da Grande Ceia, relatada no Evangelho de Lucas 14.15-24, muitos crentes estão esquivando-se (rejeitando) o convite. Alguns estão dando tanto valor à vida particular, aos negócios, aos prazeres do materialismo, e ao status, que não percebem que estão cavando cisternas rachadas. Estão sendo enganados pelo deus deste século, e, quando menos esperarem, o SENHOR virá recolher os seus escolhidos, os que permanecerem no Manancial de águas vivas. A Grande Ceia nos chama atenção para as pessoas e as coisas do SENHOR, e não pelas coisas materiais.

Jesus, já terminando sua missão aqui na terra, concentra todas as suas forças alertando o povo de Deus sobre o engano das cisternas rachadas. Ele apela para as parábolas, que são estórias bem ilustradas, que revelam os propósitos de Deus quanto a este mundo.

No Evangelho de Mateus, a partir do capítulo 21 até o 25, Ele conta 7 (sete) parábolas que advertem sobre o trágico final da humanidade. São elas:

Nº Parábola Propósito Endereço

1 - A Parábola dos Dois Filhos
Julgamento: Os pecadores arrependidos da pior espécie entrarão no céu, mas não os falsos religiosos.
Mt 21.28-32
2 - A Parábola dos Lavradores Maus
Julgamento: Mal trato e conspiração dos “religiosos” contra os escolhidos de Deus.
Mt 21.33-46
3 - A Parábola das Bodas
Culpa de Israel ao rejeitar o convite para entrar no Reino. Perda de privilégios.
Mt 22.1-14
4 - A Parábola da Figueira
Exortação à vigilância. Volta iminente e gloriosa do Senhor Jesus.
Mt 24.32-44
5 - A Parábola do Bom Servo e do Mau
Exortação à vigilância. Enquanto esperamos o retorno do Senhor, devemos ter fé e sermos responsáveis em seu serviço.
Mt 24.45-51
6 - A Parábola das Dez Virgens
Jesus ensina a necessidade de preparo para sua volta. Compara a 2ª vinda com uma alegre procissão de casamento da qual os não-preparados não podem participar.
Mt 25.1-13
7 - A Parábola dos Talentos
Fala de nossas responsabilidades. O uso sábio de dons e habilidades que nos dá grandes oportunidades, enquanto o uso negligente resulta não apenas na perda de mais oportunidades, mas daquilo que nos estava confiado.
Mt 25.14-30


Uma grande verdade: Jesus alerta sobre o abandono do Manancial de Águas Vivas e o apego às cisternas rotas (rachadas).
Ele usa a figura da figueira sem fruto (Mateus 21.19) para condenar aqueles que apegam-se aos valores e costumes deste mundo passageiro; que buscam satisfação no sistema religioso imposto pelo deus deste século.

Ele faz várias advertências ao longo do capítulo 23. Jesus profere uma série de 8 (oito) denúncias (ais) contundentes ao acusar os fariseus (que tinham o espírito de religiosidade) com exemplos específicos de hipocrisia.

Ele faz censura contra uma orgulhosa busca do elogio público, exemplificado pelo desejo de posições proeminentes e títulos que expressam superioridade (Mt 23.6-12).

Por mais que busquemos nossa satisfação pessoal, em coisas, pessoas e, em nós mesmos, estaremos apenas cavando cisternas rachadas que não retém as águas. Por mais que acreditemos que seremos mais felizes ao acumularmos poder, riquezas e prazer, jamais poderemos reter a felicidade, pois é passageira.


O Lamento de Divino

“”...Todavia, o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito.” (v.11b).


O lamento de Deus se baseia em dois crimes cometidos pelos crentes:

a) Abandonar o SENHOR; e,
b) Cavar suas próprias cisternas.

Já falamos um pouco sobre “abandonar” o Senhor, que é sair da sua total dependência demonstrando rejeição aos Seus valores. Vamos passar ao próximo ponto da mensagem.

Muitos tem cavado suas próprias cisternas, que infelizmente, serão suas próprias covas, pois são cisternas rachadas. Não produz resultados eternos. Há 3 (três) tipos de cisternas cavadas pelas pessoas, todas elas inspiradas pelo deus deste século, Satanás. Elas foram apresentas ao Senhor Jesus, e, todas foram rejeitadas por Ele. Temos então um forte exemplo que devemos fugir destas tentações, e acolhermos ao Manancial de Águas Vivas.

Vejamos estas 3 (três) cisternas rotas no Evangelho de Mateus 4.1-11:

1ª Cisterna rachada

“Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. (v. 3).

No sentido de “Já que és...”. Não implica dúvida, mas exprime um fato. Então, o diabo não estava lançando dúvidas quanto à filiação de Jesus, mas tentando-o para que use seus poderes sobrenaturais como Filho de Deus visando a seus próprios interesses.

Temos menção aqui do primeiro problema: USO IMPRÓPRIO DO PODER. Infelizmente, muitos crentes estão usando os seus dons, talentos e habilidades para benefício próprio. Conforto pessoal é o tema que tem mais angariado adeptos nos últimos dias. Assim, Satanás tem tirado o foco do verdadeiro cristianismo. Muitos crentes estão preocupados com suas próprias necessidades físicas, emocionais e espirituais. Hoje prega-se muito a mensagem da auto-ajuda. Mas, todos os cristãos, como Jesus, terão que passar os seus “desertos”. Isso faz parte do plano de Deus. Vemos isso claramente na resposta de Jesus:

“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus”. (v. 4).

Assim como Deus alimentou os israelitas no deserto sobrenaturalmente com o maná (Deuteronômio 8.3), assim também nós devemos depender totalmente de Deus quanto à alimentação sobrenatural. Jesus dependia do seu Pai e não do próprio poder milagroso para a provisão do seu sustento.

Ainda que as circunstâncias sejam insuportáveis, devemos manter o foco na palavra de Deus e Seu Reino, e não confiar, jamais, nos recursos advindos deste mundo e seu deus. Lembre-se do que Jesus disse: “Nem só de pão...”. Ou seja, vivemos de toda palavra de Deus.

As necessidades básicas: comer, beber, vestir, descansar e ter companhia, eram evidentes na vida de Jesus ali no deserto. Nem por isso Ele sujeitou-se às estas necessidades. Manteve sempre fixo em sua mente o alvo do Pai: Primeiro o Reino (Mateus 6.33).

Muitos crentes, em prol das necessidades, tem-se convertido à teologia da prosperidade fácil. Tem buscado uma vida de conforto material quando não pertencemos a este mundo. Passam quase a vida toda à busca de suprir suas necessidades pessoais, negligenciando a palavra, o reino e o poder de Deus.

Suprir as necessidades da vida é um forte inimigo contra o Reino de Deus, e muitos tem caído nessa armadilha. A maior prova se uma pessoa é crente ou não no Senhor Jesus, é o teste das necessidades. Certamente Satanás começará por ai tentando as pessoas. Ele não está preocupado em testar se somos filhos de Deus ou não, e sim, se somos filhos que se alimentam de toda a palavra de Deus.

Antes de passarmos adiante, é necessário ressaltar outro problema quando tomamos a iniciativa de transformar pedras em pães: A GLÓRIA INDEVIDA. Quando Moisés foi orientado por Deus para falar à rocha para que dela jorrasse água, ele num acesso de fúria, surrou a rocha (Números 20.8,10). Todos viram a indignação de Moisés, sua fúria, mas não a mão do Senhor. Somente a ira de Deus produz frutos genuínos! A glória foi para Moisés, mas quem realizou o milagre foi o Senhor. Muitos hoje gabam-se de seus feitos. Levantam seus ministérios às alturas altissonantes! Mas todos que se exaltam serão humilhados um dia. Muitos serão desclassificados diante do Senhor naquele Dia quando forem julgados segundo as suas obras. Ouviram do Senhor: “Não vos conheço”.

Outro problema que vemos aqui é: A AUTO-COMISERAÇÃO. Como Moisés, podemos ficar lamentando as dificuldades do dia-a-dia, e perder de vista a glória de Deus. Auto-comiseração é quando ficamos remoendo e afagando o nosso “ego”. É ficar com “pena” de si mesmo! Moisés deixou de centralizar suas atenções somente em sua esposa e filhos, assim como negócios, para ajudar outras milhares de famílias que necessitavam de sua orientação espiritual. Com isso tornou-se em um homem de Deus, a serviço de Deus. Mas, num momento de fraqueza começou a reclamar de sua situação. Achava-se injustiçado pelas pessoas e por Deus. Perdeu por um momento o foco de sua chamada e propósito dado por Deus.

Transformar pedra em pão é desviar-se do propósito que Deus tem para cada um de nós, que é, transformar vidas destruídas em bênçãos de Deus.

2ª Cisterna rachada

“Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’”. (v. 6).

Aqui o diabo citou a Bíblia para Jesus (Salmo 91.11-12). Todavia, não estava exata, pois omitiu uma frase que não se ajustava aos seus propósitos.

O diabo anda pregando a Bíblia para muitos crentes. O problema é que ele a usa para os seus maléficos benéficos. Às vezes ele as dita na mente das pessoas distorcidamente; às vezes ele usa irmãos e líderes que não tem um testemunho de vida consagrado. Então, ele consegue distrair essas pessoas com coisas secundárias. É como um vídeo game que rouba toda atenção das crianças.

A essa astúcia de Satanás chamo-a de: IRMÃOZINHOS SUPER-PODEROSOS. Passam dias, semanas, meses e anos testando os seus “super-poderes”. O diabo vai citando a Bíblia e desafiando-os a usar sua “autoridade”. O que há de “coisas estranhas” acontecendo no meio do arraial do povo de Deus é um absurdo! São escândalos de todos os lados. Como João e Tiago, existem muitos crentes mais preocupados em orar para que Deus envie “fogo do céu” e destrua todos os pecadores, do que salvar os próprios pecadores. Parece até que as igrejas viraram mercado de comida Self-Service.

Muitos estão querendo fazer de Deus um pronto socorro. Mas, Jesus compreendendo a intenção de Satanás, repreendeu-o dizendo que não se deve tentar a Deus. Os anjos estão sim à nossa disposição, mas para nos ajudar a cumprir os propósitos divinos.


3ª Cisterna rachada

“Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares”. (v. 8).

Dizem que há 3 (três) barras que são uma tentação para o homem: a barra do ouro, a barra da fama, e a barra da saia. As três barras nos fala de: poder econômico (dinheiro), poder político (status), e poder físico (prazer sexual). Satanás estava oferecendo a Jesus (e a nós) estas três barras de poder.

Jesus repele esta proposta dizendo: “Somente a Deus devemos adorar. Somente a Ele deve ser prestado culto”.

Logo após desta declaração, os anjos vieram servir a Jesus.

A questão é: Satanás pode dar isso mesmo? Não só pode dar como muitos tem aceitado os “seus brinquedos” de auto-destruição, que tem como objetivo principal mudar o foco de adoração dos filhos de Deus. O foco passa ser as “coisas criadas” e não o Criador.

Quando um crente começa a dar muito valor a tais coisas: comidas, bebidas, vestuários, bens materiais, confortos, etc., as necessidades básicas (Mateus 6.25-34), os seus dias de “filhos de Deus” estão contados. Cavaram para si mesmos cisternas rachadas que não podem reter o poder e a graça de Deus.

O SENHOR é: Manancial de Águas Vivas

O texto bíblico revelou que o povo de Deus cometeu dois crimes (males): 1) Abandonaram o Senhor; e, 2) Cavaram cisternas rachadas.

Agora, falando em termos gerais, as pessoas do mundo inteiro (incluindo crentes) tem cavado cisternas rachadas em benefício próprio. Só tem um probleminha: estas cisternas não podem reter a bênção, por assim dizer.

É como tampar o sol com a peneira!

O ser humano parece sofrer de “amenésia crônica”.

Aprendemos com Jeremias e com todos os escritores sagrados que Ele, Deus, não é somente as Águas Vivas”, mas a própria “Fonte” destas Águas (Jeremias 17.13). Ou seja, uma Fonte inesgotável a jorrar para a eternidade.

Uma vez Jesus estava conversando com uma mulher que há anos vinha sofrendo de discriminação em sua cidade. Ela vinha tentando ser feliz como todo ser humano tenta ser. Tinha casado cinco vezes e nada de felicidade. Estava morando com o sexto homem e continuava sendo infeliz. Como todos nós, vinha cavando cisternas rachadas. Colocava uma argamassa aqui, outra acolá. Tampava um buraco ali, outro acolá. Mas, a felicidade continuava escapando pelas rachaduras.

Um dia ela teve um encontro com o Senhor Jesus. Para ser mais exato, Ele a encontrou.

Ele ofereceu a ela então Água Viva. Água inesgotável. Felicidade sem fim! Gozo, alegria, graça infinda. Sim, Ele disse com convicção que “Quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4.14).

Sem mais esperar, aquela mulher sofredora disse: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede,...”

Então Jesus vendo o desejo daquela mulher, disse-lhe que trouxesse o seu marido. Ela, então, compreendeu que “o seu marido”, e os outros que tivera, e tudo o que fizera para ser feliz, acumulando coisas e pessoas, eram apenas cisternas rachadas que não continha felicidade. Eram subterfúgios! Confessou os seus pecados e fracasso, e, imediatamente, foi restaurada.

Ela saiu dali e passou a ser UMA FONTE DE ÁGUA A JORRAR PARA A ETERNIDADE.


Apelo

E você? O que está esperando? Deseja dessa Água Viva? Pode vir buscá-la.




Marcílio Orlando Martins Guerra
Piracicaba, 25 de fevereiro de 2007.

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